Nascemos e morremos. Nesse intervalo, assediamos o sucesso.
Postado em 24 de maio de 2019 | 1.505 views @ 13:17


Por Eliton Tomasi

Parece haver inerência entre a percepção ocidental de sucesso e a tríade poder, fama e riqueza. Sob diferentes contextos, a persona ocidental de certa forma dedica toda sua vida à busca por essa condição de sucesso. Na música, principalmente no rock, baseado em minhas experiências profissionais e pessoais, percebo quase uma obsessão por poder, fama e dinheiro – um verdadeiro assédio a essa categoria de sucesso!

Talvez porque, há 70 anos, desde seu limiar, o rock vem estabelecendo fortes ligações com o mercado. Seria estranho imaginar algo diferente considerando que o estilo musical nasceu em berço neoliberal. Aliás, o espírito libertário do rock caiu muito bem para a causa neoliberal. Lobo em pele de cordeiro, o mercado se aproximou do rock e transformou rebeldes e vagabundos em músicos milionários platinados! Um case dos sonhos! Depois do começo com Elvis e a Beatlemania, nas três décadas seguintes o mercado veio garantindo que o rock sempre estivesse no topo dos mais vendidos! E o rock, por sua vez, foi iludido, enganado. Coitado.

Quando a indústria fonográfica, que mediava a relação entre mercado e rock ‘n’ roll, atingiu seu declínio, o mercado, por padrão, fez do rock ‘n’ roll objeto de descarte. Dessa relação sobraram os antigos discos de vinil, fitas cassete, CDs e DVDs, tudo sendo vendido nos melhores sebos da sua cidade.

Mas ainda hoje é difícil, para os músicos e para toda cadeia de profissionais ligados à música, e talvez principalmente para o fã, se livrar dessa concepção de sucesso sustentada por valores econômicos, portanto de poder e fama. Hoje, para que um disco/música seja bem-sucedida, ela tem que estar nas playlists do Spotify! Para que uma banda seja bem-sucedida, ela tem que ter muitos seguidores no Face e suas fotos precisam sempre bombar no Insta. E os shows… Ah os shows! Esses têm que sempre estar lotados!

A maior tragédia é quando o sucesso vira lembrança. E muitas vezes é preciso conseguir poder, fama e riqueza, “chegar lá” de fato, para se perceber que o sucesso aconteceu, passou, ficou pelo caminho, e nem percebemos.

Gandhi dizia que “o sucesso não está apenas na conquista, mas em todo percurso”. Eu pessoalmente gosto dessa definição de sucesso.
Qual é a sua?

Sugestão Cultural:  Vale a pena assistir e comparar os longas “The Dirt” e “The Story Of Anvil”. Há muito mais em comum do que a aparente distinção mensurada por uma concepção de sucesso. 
 
 
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