Eu tive a honra de poder ouvir algumas partes de “The Beloved Bones” através do próprio vocalista e compositor Mario Linhares há pelo menos um ano antes do lançamento desse álbum. Na ocasião, o músico me contou o quanto a sua experiencia de vencer o câncer tinha influenciado diretamente na composição das músicas e letras do álbum. Há algumas semanas atrás recebi o álbum completo do próprio Linhares para que, agora, eu pudesse “avaliá-lo” na posição de crítico musical. A avaliação que faço agora ouvindo o disco inteiro é a mesma de quando tinha ouvido apenas fragmentos de algumas músicas: de que esse trabalho é merecedor de toda atenção humana existente no planeta! Qualquer ser humano merece atenção e respeito, ainda mais quando tem como intenção ser tão verdadeiro e honesto com sua própria subjetividade e compartilhar um momento de dor, como foi o caso de Mario Linhares. E a cultura, a arte é sobre isso: é a instância onde podemos nos encontrar, saber mais sobre nós mesmos e nossa relação com o mundo e poder compartilhar essa experiencia com as outras pessoas. Obviamente que a estética conta. “The Beloved Bones” é um disco que vai agradar mais a quem é fã de heavy metal, mas não pressupõe que apenas fãs desse estilo possam ouvi-lo. Aliás, todo fã de heavy metal, para passar a gostar desse tipo de música, ouviu o estilo pela primeira vez. E em “The Beloved Bones” Mario e o Dark Avenger são exímios embaixadores do heavy metal nacional, entregando um trabalho de excelência estética, e técnica, utilizando-se de forma criativa das referências musicais que lhes são distintas. Com “The Beloved Bones”, a meu ver, o Dark Avenger continua sendo a referência que sempre foi, não porque a banda conseguiu reinventar o heavy metal (isso não aconteceu), mas porque, sobretudo, o Dark Avenger soa como Dark Avenger. Soa como Sujeito(s). Soa como Dor(es).
Por Eliton Tomasi